O Brasil se despede de um dos seus maiores ícones do boxe, José Adilson Rodrigues dos Santos, conhecido como Maguila, que faleceu em São Paulo, aos 66 anos. O ex-peso-pesado lutava contra a demência pugilística, uma condição derivada das lesões sofridas em sua carreira de 17 anos no ringue. O falecimento foi confirmado por sua esposa, Irani Pinheiro, em entrevista ao canal de TV Record.
A Carreira de um Campeão
Maguila nasceu em 11 de julho de 1958, em Aracaju, e teve uma carreira notável, acumulando 85 lutas, com 77 vitórias (61 por nocaute), 7 derrotas e 1 empate técnico. Desde jovem, foi influenciado por lendas como Éder Jofre e Mohammad Ali, que o inspiraram a se tornar boxeador. Ele começou sua trajetória no boxe em 1979 e rapidamente conquistou títulos, incluindo o de campeão brasileiro em 1983 e o sul-americano em 1984, mantendo-se no topo até 1995.
Lutas Memoráveis
Entre suas lutas mais emblemáticas estão os confrontos contra Evander Holyfield e George Foreman. Em 1989, enfrentou Holyfield em uma luta que parou o Brasil, mas acabou sendo derrotado por nocaute. No ano seguinte, encarou Foreman, também não conseguindo a vitória. Apesar das derrotas, Maguila permaneceu uma figura admirada no esporte.
Vida Após o Boxe
Após se aposentar dos ringues em 2000, Maguila diversificou sua carreira, lançando um álbum em 2009 e aparecendo em programas de TV. Seu amor pelo samba o levou a ser homenageado como enredo de uma escola de samba em 2021. Além disso, uma produção cinematográfica sobre sua vida estava em andamento, mas as filmagens foram interrompidas por falta de recursos.
Desafios Pessoais
O diagnóstico de encefalopatia traumática crônica em 2013 mudou sua vida. Os primeiros sinais de demência foram confundidos com esquecimentos cotidianos, mas rapidamente se agravaram. Nos últimos anos, Maguila viveu em uma clínica de reabilitação em Itu, onde recebia tratamento e fisioterapia.
Legado e Contribuição para a Pesquisa
Maguila, preocupado com as implicações da demência pugilística, concordou em doar seu cérebro para pesquisa após sua morte, com o intuito de ajudar a entender os impactos das lesões cerebrais em atletas de contato. Sua contribuição será estudada na Universidade de São Paulo.
Em sua última mensagem aos fãs, Maguila deixou um carinho especial: "Quero mandar um abraço para todos os meus fãs do Brasil. Um abraço grande para eles."
O boxe brasileiro perde um de seus maiores representantes, mas o legado de Maguila permanecerá na história do esporte.