A partir do próximo ano letivo, o uso de celulares nas escolas públicas e particulares de São Paulo estará proibido, com base na nova legislação aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O projeto de lei, que ainda aguarda sanção do governador Tarcísio de Freitas, visa combater os efeitos negativos do uso excessivo de telas no desempenho acadêmico e no desenvolvimento social dos estudantes. O Estado é o primeiro do Brasil a aprovar uma regulamentação tão ampla para o uso de dispositivos móveis em escolas.
O que diz a nova lei?
A lei estabelece que os alunos deverão deixar os celulares guardados durante toda a permanência na escola, incluindo intervalos, recreios e atividades extracurriculares, exceto em casos de uso pedagógico autorizado ou quando necessário para alunos com deficiência. Esse movimento acompanha tendências internacionais em países como Finlândia, Portugal e Estados Unidos, que adotaram restrições similares após pesquisas apontarem prejuízos cognitivos e sociais causados pelo uso excessivo desses aparelhos.
Opinião das Escolas sobre a Proibição
Embora muitas escolas paulistas já adotem restrições ao uso de celulares em sala de aula, a nova medida gerou reações mistas. Luciana Fevorini, diretora do Colégio Equipe, considera a proibição do celular em intervalos "um pouco exagerada", pois, segundo ela, isso poderia ser uma oportunidade para a escola ensinar o uso consciente da tecnologia. "O celular pode ser uma ferramenta útil e cabe à escola orientar sobre seu uso responsável", destaca a diretora. No entanto, Fevorini concorda que a proibição dentro da sala de aula é benéfica para o aprendizado.
Por outro lado, Christina Sabadell, diretora das escolas premium do Grupo SEB, vê a nova legislação como uma extensão importante das orientações internas das escolas sobre o uso da tecnologia. Para Sabadell, a lei valoriza o uso consciente da tecnologia, diferenciando o uso educacional de um uso alienante. "Precisamos usar a tecnologia como ferramenta educacional, mas com propósito claro e disciplinado", afirma a diretora.
Benefícios e Desafios da Nova Medida
Algumas escolas, como o Colégio Humboldt e o Colégio Gracinha, em São Paulo, já implementaram restrições ao uso de celulares durante o recreio, relatando melhorias na socialização e concentração dos alunos. Essas escolas afirmam que, com a proibição, os alunos demonstraram maior engajamento nas atividades escolares e mais interação com colegas durante o intervalo.
No entanto, a obrigatoriedade de guardar os aparelhos durante o intervalo levanta questões sobre segurança e comunicação. As escolas serão responsáveis por organizar soluções de armazenamento para que os alunos possam manter seus aparelhos guardados de maneira segura. Além disso, a lei prevê que as instituições mantenham canais acessíveis para que as famílias possam se comunicar com os estudantes em caso de necessidade.
Por que Proibir o Celular? Entenda os Argumentos
A medida foi fundamentada em pesquisas que apontam o impacto negativo do uso constante de celulares no desenvolvimento cognitivo de jovens. Um relatório da Unesco analisou dados de 14 países e indicou que o uso indiscriminado desses dispositivos pode afetar memória e compreensão, dificultando o aprendizado. Especialistas também alertam para a falta de interação social que o uso excessivo de celulares pode gerar, diminuindo o tempo dedicado ao convívio e às atividades físicas.
Resumo das Mudanças com a Nova Lei
- Proibição Total: Os celulares estão proibidos em escolas públicas e particulares de São Paulo, abrangendo toda a educação básica.
- Alcance: A restrição se aplica a todo o período escolar, incluindo recreios e atividades extracurriculares.
- Comunicação: As escolas devem fornecer canais acessíveis para comunicação entre pais e alunos.
- Exceções: O uso pedagógico dos celulares ou o uso por estudantes com necessidades especiais é permitido.
A implementação completa da medida deve ocorrer em 2024, após a sanção do governador, com expectativa de efeitos positivos no desenvolvimento dos alunos. O impacto da proibição ainda será avaliado pelas escolas e famílias, que terão um papel importante em garantir que a tecnologia continue sendo utilizada de forma educativa e consciente.
Siga-nos no Google News para mais atualizações! Clique aqui para acompanhar.