Uma orca foi avistada equilibrando um salmão na cabeça próximo à costa do estado de Washington, nos Estados Unidos. O comportamento inusitado, registrado em outubro, deixou cientistas e observadores intrigados. A protagonista desse episódio curioso é uma orca residente do sul, conhecida como J27 ou Blackberry, uma espécie criticamente ameaçada de extinção.
Segundo a organização Orca Network, dedicada à conservação desses animais, o comportamento, apelidado de “moda do chapéu de salmão”, já havia sido observado na década de 1980, mas desapareceu por décadas. Deborah Giles, pesquisadora da Wild Orca, explicou que não há consenso sobre o significado desse hábito. “É algo que surgiu do nada nos anos 80 e, depois, sumiu. Não sabemos ao certo o que isso representa”, afirmou.
A pesquisadora, que acompanha de perto as orcas em seu habitat natural, acredita que o ato pode estar relacionado à brincadeira, socialização ou até mesmo à partilha de alimentos entre os membros do grupo. Outro registro recente desse comportamento foi feito em novembro, reforçando a possibilidade de que ele seja mais comum em momentos de abundância de presas, como a atual temporada de salmões chum na região.
O que pode explicar esse comportamento?
Embora ainda não haja respostas definitivas, pesquisadores levantam algumas hipóteses:
- Socialização e brincadeiras: a orca pode estar interagindo com o ambiente ou outros membros do grupo.
- Compartilhamento de alimento: equilibrar o peixe na cabeça pode ser uma forma de reservar o salmão para outro integrante da família.
- Bem-estar: a presença de alimento em abundância permite que as orcas “brinquem” com as presas, algo raro em períodos de escassez.
“Quando estão famintas, as orcas comem imediatamente. Esse comportamento indica que estão bem alimentadas e podem se dar ao luxo de interagir mais com o ambiente”, explicou Giles.
Espécie ameaçada de extinção
Apesar de momentos curiosos como este, a situação das orcas residentes do sul é crítica. Hoje, restam apenas 72 indivíduos, enfrentando ameaças como a escassez de salmões, poluição e o impacto de ruídos marítimos. Mesmo com investimentos significativos na recuperação da população de salmões, o futuro da espécie segue incerto.
“O que precisamos com urgência é garantir presas suficientes ao longo de todo o ano e em todo o território dessas orcas”, alertou a pesquisadora.
Enquanto o comportamento do “chapéu de salmão” segue intrigando os especialistas, ele também reforça a importância de proteger esses animais e garantir que tenham um habitat saudável para sobreviver e prosperar.
