Autor: Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria
O início de um novo ano se apresenta como uma oportunidade para reescrever narrativas, redefinir prioridades e, acima de tudo, deixar para trás o que não nos serve mais. No entanto, o desafio de crescer profissionalmente e pessoalmente não reside apenas em adquirir coisas novas, mas também em reconhecer as bagagens desnecessárias que carregamos. Muitas vezes, são as atitudes, os comportamentos e as crenças limitantes que nos impedem de avançar.
Ao longo da minha trajetória como educador e mentor, percebi que o sucesso envolve, além de preparação para o futuro, a coragem de se desprender do passado. Vamos conferir 8 atitudes que merecem ser abandonadas em 2025 para que possamos encarar este novo ano como um convite à leveza e à mudança.
1. O medo de errar
O perfeccionismo tem sido exaltado como virtude, mas, em excesso, se torna um cárcere. Vivemos em um mundo onde a inovação exige experimentação - e errar faz parte do processo. Segundo Carol Dweck, autora do conceito de mindset de crescimento, é na tentativa e no aprendizado que desenvolvemos a capacidade de aprender e nos adaptar. É o bom e velho ciclo PDSA: Plan, Do, Study, Act (Planejar, Fazer, Estudar, Agir, em Português).
Deixe para trás a ideia de que o erro define sua competência. Em vez disso, abrace o aprendizado contínuo. No trabalho, crie um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para propor novas ideias, mesmo que elas não funcionem imediatamente.
2. A procrastinação
Quantas vezes você já adiou aquele projeto importante, esperando pelo momento "ideal"? A procrastinação é muitas vezes fruto do medo de não atender às expectativas ou de enfrentar o desconhecido. Em 2025, é hora de agir com intenção. Adote ferramentas simples de gestão de tempo, como o método Pomodoro ou o conceito de "primeiro as pedras grandes", de Stephen Covey. Comece pelo que importa.
Lembre-se: nenhum grande avanço é feito sem ação. Como dizia Peter Drucker, "os planos são apenas boas intenções, a menos que se transformem em trabalho duro imediatamente." Ou, como experimentei na minha vida: minutos de coragem trazem décadas de resultados.
3. A comparação constante
As redes sociais transformaram a comparação em um esporte diário. Deslizamos os dedos pela tela, observando a vida editada dos outros, enquanto subestimamos nossos próprios avanços. Em 2025, proponho um pacto: compare-se apenas com quem você era ontem.
Reflita sobre seus objetivos e o que realmente importa para você. O sucesso não é universal, mas único. Abandone o hábito de medir sua jornada com a régua alheia e celebre suas conquistas, por menores que pareçam.
E daí se o amigo só curte coisas caras? E daí se tem o shape? Essa é sua meta? Se não for, siga em frente e ignore esse tipo de distração. "Tô nem aí" para o pace da galera, shape, o que aprendeu e nem quão feliz foi a ceia de Natal. Muito menos se lê centenas de livros por ano. Sigo os meus objetivos e uso as redes como distração em horários alternativos, como logo após o almoço.
4. O "eu sempre fiz assim"
A resistência à mudança é um dos maiores entraves ao progresso. Quantas vezes você já ouviu – ou disse – "sempre fiz assim"? Em um mundo em constante transformação, o que funcionava ontem pode não ser mais eficaz hoje. Segundo Charles Darwin, "não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças."
Em 2025, desafie suas próprias práticas. Questione processos, busque inovações e esteja aberto ao novo. A adaptabilidade será a competência mais valiosa para o futuro. Vai por mim: a única coisa que você precisa aprender é se acostumar com a mudança. Porque o novo sempre vem.
5. A mentalidade de escassez
A crença de que o sucesso do outro diminui suas chances é uma armadilha perigosa. Estudos de Adam Grant, autor de "Dar e receber: uma abordagem revolucionária sobre sucesso, generosidade e influência", mostram que aqueles que ajudam os outros frequentemente se tornam mais bem-sucedidos.
Ao entrar em 2025, abandone a mentalidade de escassez. Em vez de competir, colabore. Ajude colegas, compartilhe conhecimentos e crie redes de apoio. Há espaço para todos brilharem.
Comece com uma dica simples: mande um feliz 2025 para seus contatos no WhatsApp. Depois, invista algumas horas deixando depoimentos no LinkedIn para os colegas que trabalharam com você. Não peça nada em troca, pois vai se surpreender com o poder da reciprocidade.
6. O descuido com a saúde
Vivemos na era do burnout. Muitos sacrificam a saúde física e mental em nome de objetivos profissionais. No entanto, como afirma Arianna Huffington, em Thrive, o verdadeiro sucesso requer equilíbrio. O corpo e a mente são os pilares da produtividade e da criatividade.
Em 2025, priorize a saúde. Reserve momentos para desconectar, pratique exercícios, cultive bons hábitos alimentares e invista no seu bem-estar emocional. Lembre-se de que cuidar de si mesmo não é um luxo, mas uma necessidade.
Como sei que horas o trabalho começa, mas não sei quando termina, faço minhas atividades físicas pela manhã. Acordo e vou correr ou malhar. É o meu tempo. Hora que tenho para ouvir um podcast que gosto e sentir-me energizado para começar mais um dia de trabalho. Não há como comprar saúde, então pense em quanto terá de reduzir o seu ganho para conseguir 1 hora diária de exercícios.
7. A resistência ao aprendizado
A frase "já sei tudo o que preciso" não tem espaço no século XXI. O mercado de trabalho valoriza profissionais que se reinventam e buscam constantemente expandir seus horizontes. Segundo o Fórum Econômico Mundial, 50% de todos os trabalhadores precisarão se requalificar até 2025.
Abandone o comodismo intelectual. Invista em cursos, participe de workshops e leia sobre temas além da sua área de atuação. A aprendizagem ao longo da vida é a chave para a relevância profissional.
No começo dói, pois aprender qualquer coisa é uma zona cinzenta. Nunca sabemos se vamos conseguir. Mas com um pouco de paciência, vamos ampliando nosso portfólio de conhecimentos e aprendendo. A hora que olhar para trás, verá o quanto aprendeu e como isso ajudou a ser mais produtivo e ter mais tempo para você.
8. A falta de gratidão
No frenesi da vida moderna, é fácil esquecer de agradecer pelas pequenas e grandes conquistas. No entanto, a gratidão é uma das práticas mais transformadoras. Em 2025, cultive a gratidão. Reserve momentos diários para refletir sobre o que você valoriza. Agradeça às pessoas ao seu redor, reconheça esforços e celebre o presente. A gratidão não custa nada, mas rende muito. Não adianta só reclamar da vida ou se vitimizar.
Lembro-me certa vez de estar deitado no chão olhando para o céu e pensando: "como fui um péssimo profissional”. Todos os meus amigos já financiaram apartamentos e eu resolvi investir o dinheiro. Na semana seguinte, sofri um acidente de bicicleta e fraturei 6 vértebras do pescoço e a C1. Minhas chances de ficar vivo, sem sequelas graves, eram de apenas 2%.
Depois de passar 5 dias em coma induzido, fiz um pacto comigo: gratidão em primeiro lugar. Afinal, estar vivo e não ter sequelas depois de um acidente como esse é algo muito maior do que ter ficado para trás no boom dos imóveis de 2015.
Em 2025, convido você a refletir sobre quais bagagens está disposto a abandonar para abrir espaço para novos aprendizados, conquistas e relações.
Como afirmou Fernando Pessoa, "há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia". Que este novo ano seja sua travessia para um futuro mais leve, produtivo e significativo.
Virgilio Marques dos Santos é um dos fundadores da FM2S, gestor de carreiras, doutor, mestre e graduado em Engenharia Mecânica pela Unicamp e Master Black Belt pela mesma Universidade. TEDx Speaker, foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da Unicamp, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.